Remédio tradicional
contra o diabetes,
a metformina agora é usada para emagrecer
a metformina agora é usada para emagrecer
Anna Paula Buchalla
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Há uma novidade
no arsenal químico contra a obesidade: a metformina, um remédio
usado há mais de trinta anos no tratamento do diabetes tipo 2. Vendido
sob nomes comerciais como Glifage, Dimefor e Glucoformin, o medicamento promove
tanto a perda de peso quanto a redução da gordura visceral –
aquela que se concentra ao redor do abdômen e que, como mostram pesquisas
médicas, faz um mal danado à saúde ao multiplicar os riscos
cardíacos. "É temerário prescrever a metformina apenas como
remédio para emagrecer, porque ela não é recomendada para
esse fim", afirma o endocrinologista Walmir Coutinho, vice-presidente da Federação
Latino-Americana de Sociedades de Obesidade. Ainda que seus efeitos colaterais
não sejam severos (diarréia é o mais freqüente), falta
atestar sua segurança em pacientes que não têm diabetes.
A adoção da metformina nos programas de emagrecimento é reflexo
das últimas pesquisas sobre os laços (bastante estreitos) entre
diabetes e obesidade. "Descobriu-se que o hormônio insulina é um
dos fatores mais importantes para o desenvolvimento da obesidade", diz o endocrinologista
Alfredo Halpern, da Universidade de São Paulo (USP). A insulina é
responsável por retirar o açúcar da circulação
sanguínea e jogá-lo para dentro das células, onde é
transformado em energia. Nos portadores de diabetes tipo 2, porém, as células
não respondem à ação do hormônio, o que exige
que o pâncreas produza grandes quantidades dele. A obesidade surge como
subproduto desse processo, já que, em demasia, a insulina faz com que o
organismo produza mais gordura. A metformina age aumentando a sensibilidade das
células a esse hormônio. Ou seja, evita seu acúmulo no sangue.
A perda de peso proporcionada pela
metformina varia de 5% a 7% do peso inicial, e a redução da circunferência
abdominal pode chegar a 3 centímetros (veja quadro abaixo). A metformina
só funciona, contudo, quando acompanhada de uma dieta pobre em alimentos
de alto índice glicêmico, como os carboidratos. Isso porque, depois
de ingeridos, esses alimentos são rapidamente transformados em glicose
– e, em resposta ao aumento da presença desse açúcar,
o organismo produz mais insulina, o que pode neutralizar o efeito do remédio.
"É preciso também praticar exercícios físicos, para
que os músculos queimem o açúcar circulante no organismo",
diz o endocrinologista Geraldo Medeiros, também da USP. Ou seja, a metformina,
por si só, não faz milagres. Nada faz, aliás. Corra para
a academia, querida.
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