Se ao casarmos nos comprometemos com coisas tão grandiosas como fidelidade e amor eterno àquele estranho que está diante de nós, por que o ritual não se repete para um filho, para uma filha?
Deveríamos. Anotar e falar aos quatro ventos o que queremos e o que acreditamos para essa relação. Eu, devagar, tenho feito a minha lista individual daquilo a que devo comprometer-me todos os dias para com esse pequeno bicho que mama em meu peito. Não é fácil. Porque já me sinto cansada e sem forças, e ela tem apenas alguns meses. Mas é disso que é feita uma relação, não é? De um amor que sobrevive “apesar de”.
Apesar de tudo, prometo que estarei atenta a você, minha filha querida. Apesar dos letreiros luminosos da rua, apesar do barulho infernal da cidade, apesar das inúmeras solicitações do dia-a-dia, eu ainda olharei para você com toda a atenção e o amor que você merece.
Apesar de toda névoa que a vida irá dissipar entre nós, ainda assim irei vasculhar no escuro quem você é, o que te faz feliz e o que te assusta, o que te faz triste e o que te torna alegre ou confiante.
Eu prometo, minha querida, que mesmo quando eu estiver cansada e exausta, irei buscar fundo na memória o quanto te desejei e o quanto tua presença me tornou uma pessoa melhor e mais completa.
Eu prometo que apesar dos teus erros e das tuas malcriações, não esquecerei tua nobreza e tua vontade de acertar. Irei lembrar-me de te elogiar e de te incentivar, ainda que a vida me ocupe de broncas e castigos.
Eu prometo que não jogarei em ti os meus traumas e os meus desejos. Eu prometo que não vou culpar-te pelas minhas escolhas, pelos meus erros e pelas minhas frustrações. Eu quero muito te isentar do que for doloroso da minha maternidade. Isso é possível?
Eu prometo respeitar quem você é, mesmo que seja diferente de tudo o que eu desejei para ti. Eu prometo me preocupar mais contigo do que com os vizinhos, eu prometo que vou ouvir o que você disser mais do que me preocupar com o que os outros dirão.
Eu prometo estar inteira quando estiver contigo, mesmo que não sejam todas as horas do dia.
Eu prometo te enxergar, filha, e ainda que a tua verdade me assuste, não vou fechar meus olhos.
Eu prometo, sobretudo, fazer de mim mesma uma pessoa inteira e feliz, para que você não tenha que arcar com as minhas frustrações ou com o meu mau-humor. Eu não vou jogar em ti o fardo dos meus preconceitos.
Eu prometo que, embora haja obrigações, embora haja responsabilidades e contas a pagar, acharei sempre uma brecha, pequena que seja, para te dar carinhos e beijinhos, para fazer cócegas e risos junto com você, mesmo que o dia esteja chuvoso lá fora.
Eu prometo te tornar livre, mesmo querendo te aprisionar a mim.
E, quando você tiver o seu coração partido e eu não puder colar seus mil pedacinhos, prometo que respeitarei a tua dor e não vou nunca desdenhar ou diminuir o teu enorme sofrimento.
Eu prometo dar atenção aos teus desenhos, à tua pasta de papel de carta, ao penteado das tuas bonecas, à tua agenda e às tuas provas. Serão muitas provas pelas quais teremos de passar, minha filha.
E, por fim, eu prometo amar-te e respeitar-te, todos os dias das nossas vidas – até que a morte nos separe.
Fonte: Crônica do Dia: PROMESSAS DE MÃE >> Kika Coutinho.
Que lindo isso!
ResponderExcluirE essa relação é tão maravilhosa quando é bem estreita e apertadinha...
Tenho 4 filhos e claro, tive problemas vários, mas nossa relações são ótimas.
Estamos juntas sempre pro que der e vier...E que ninguém se meta a fazer mal pra um deles, pois a mãe leoa ataaaaaaaaaca,srrs ...agora já ataco com os nete[os...rsrs
E assim vamos! beijos,chica