- Como podem perder o brilho no sorriso? A doçura do falar, a esperança infantil, a fé na vida, no amor, a crença na família. Desacreditar no que é bom, nas coisas bonitas.
Poxa, mamãe, se for assim eu não quero crescer. Não quero viver na correria, não quero parar de perceber como o céu esta azul. Não quero deixar de ver o pôr do sol, não quero parar de rir a toa e ficar nervoso com qualquer coisa.
Não quero sair para trabalhar antes de amanhecer e chegar ao anoitecer, não quero ficar longe do papai, da mamãe e dos meus amiguinhos.
Não quero desacreditar na beleza da amizade, não quero crer na desconfiança, não quero inimizade.
Não quero responsabilidades que me prendam. Não quero perder a paciência, o fino trato e o bom humor.
Só quero correr livre pela vida, sorrir pelos caminhos a fora, poder ouvir um passarinho, ver um casal de velhinhos no parque. Quero gostar de ouvir e ver coisas que poucos percebem, coisas que gente grande larga de lado.
Mamãe, porque que gente grande é tão desapercebida?
Heim?
Por que eles se esquecem das coisas? Quando eu crescer não quero ser gente grande. Não quero esquecer de ter tempo pra brincar, de sair passeando sem rumo, só para ver as árvores ou qualquer coisa.
Não quero esquecer de respirar fundo quando as coisas apertarem, nem de ficar quietinho quando estiver nervoso. Não quero deixar de lembrar que somos todos iguais e que ninguém tem o direito de humilhar alguém.
Ah, mamãe, não quero crescer. Não quero perder seu colo, seu comando, nem ficar longe do seu cheirinho.
Não quero. Não quero querer nada. Gente grande quer tanta coisa que acaba querendo só o que é difícil e deixa o que é fácil de lado.
É fácil sorrir, é fácil fazer um carinho, um abraço. Como é facinho fazer alguém se sentir importante.
Pronto, já me decidi: Quero ser criança pra sempre.
Boa noite mamãe, te amo. Apaga a luz pra mim, boa noite..
Késia Câmara
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