Um segredo para DIETAS--Clarissa Nazareth

Fazer dieta é quase um sinônimo da condição feminina. Quase toda mulher que eu conheço (eu, inclusive!) trava a eterna briga com a balança: ou estão de dieta, ou fugindo secretamente dela em ataques ocasionais à geladeira, ou se atormentando porque deveriam estar à base de alface. Enfim... E eu, claro, também tenho lá minhas neuras com peso que me fazem aventurar no mundo insosso das comidas dietéticas.
Por isso, num dia em que estava fazendo hora numa livraria, resolvi folhear um livro de auto-ajuda falando sobre dietas. Honestamente, não lembro o nome do livro, mas o que me chamou a atenção foi ler, em um dos primeiros capítulos, a seguinte chamada: "Se você quer realmente emagrecer, a primeira coisa que você tem que fazer é deixar de ser covarde". Curto e grosso. Simples assim.
A idéia do capítulo era a seguinte: se a gente quer muito alguma coisa, a gente sabe exatamente o que tem que fazer para conseguir chegar lá. Tipo, se você quer emagrecer, o negócio é fechar a boca, comer mais salada, cortar doces e massas, e fazer exercícios. Sem mistérios! Ou, se o objetivo é passar em um concurso público, é preciso estudar várias horas por dia, refazer as provas passadas e abdicar de descansos e saídas à noite. Não tem segredo. A gente não precisa ir ao nutricionista nem a um professor para saber isso.
Claro que existem alguns macetes que mostram o caminho das pedras. Às vezes surgem os lançamentos de remédios e tratamentos que podem nos ajudar a conseguir chegar lá mais rápido. Mas a fórmula real de todo e qualquer objetivo é disciplina e sacrifício. Mas aí, para isso, a gente arruma um monte de argumentos para dificultar... Que não consegue fechar a boca, não consegue ficar muito tempo estudando porque o dia-a-dia já é muito cansativo, não tem tempo, não tem dinheiro para pagar curso ou médico. E ficamos aí, parados, esperando descobrir um livro que proponha um "esquema" certo para responder prova de concurso, ou um remédio milagroso que faça emagrecer sem muito sacrifício. Ou seja, somos super criativos para inventar mil desculpas e "jeitinhos" para esconder e justificar o fato de não querer abrir mão de alguma coisa ou de esperar eternamente por um momento melhor - seja lá quando for.
Por isso que eu gostei do livro. Porque, curto e grosso, disse a verdade. Me disse que sou covarde pra enfrentar os sacrifícios necessários para se atingir aquilo que a gente deseja. E que, se eu quero mesmo alguma coisa, mas quero de verdade, eu sei - e você também - o que é preciso para conseguir da melhor forma. É aceitar o desafio e, com ele, as escolhas, renúncias, sacrifícios e, sobretudo, a disciplina. Ué, quer emagrecer? De verdade? Então feche a boca e vá fazer exercícios, oras (até porque nenhum remedinho milagroso vai funcionar se você não colaborar com o seu corpo)! Quer conseguir um emprego melhor? Pois ele não vai chegar batendo na sua porta - então imprima o seu currículo e saia distribuindo por aí. E tenha coragem para aturar os "nãos" na cara, porque eles fazem parte do processo.

Aos que me perguntarem, peço desculpas desde já mas não lembro do nome do livro. Não comprei. Mas li o que eu precisava ler para acordar. Um tapa de luva de pelica em poucas palavras, mas que reúnem em si uma verdade muito mais eficaz do somente uma pilha de receitas de saladinhas milagrosas.